O director do LEFFEST — Lisboa Film Festival, Paulo Branco, apresentou hoje, na Sala do Arquivo dos Paços do Concelho, o programa da 18.ª edição do festival, que terá lugar de 8 a 17 de Novembro. Esteve acompanhado na mesa pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e pelo administrador executivo da NOS, Daniel Beato.
Os filmes de abertura serão os grandes vencedores do Festival de Veneza — The Room Next Door / O Quarto ao Lado, de Pedro Almodóvar, Leão de Ouro para Melhor Filme, e The Brutalist, de Brady Corbet, Leão de Prata para Melhor Realizador.
A competição do festival apresenta 12 longas-metragens que disputam o Grande Prémio NOS e incluem os melhores filmes produzidos em 2024, entre eles, obras de autores consagrados, como The Shrouds, de David Cronenberg, The Seed of the Sacred Fig, de Mohammad Rasoulof, ou Rendez-vous avec Pol Pot, de Rithy Panh, além de estreantes, como a portuguesa Laura Carreira, com On Falling, vencedora da Concha de Prata para melhor realização no Festival de San Sebastián.
Na Selecção Oficial – Fora de Competição e antestreias, veremos vários dos títulos que vão marcar os cinemas e a temporada de prémios nos próximos meses como All We Imagine as Light, de Payal Kapadia, Grande Prémio do Júri no Festival de Cannes; Emília Perez, de Jacques Audiard, Prémio de Melhor Actriz / Ensemble em Cannes; Bird, de Andrea Arnold; The Dead Don’t Hurt, de Viggo Mortensen; e Oh, Canada, de Paul Schrader, entre outros. Em estreia mundial, o festival apresenta O Ancoradouro do Tempo, do moçambicano Sol de Carvalho, e Longe da Estrada, dos portugueses Hugo Vieira da Silva e Paulo Mil Homens.
Na secção Descobertas, nove longas-metragens, que foram grandes revelações ao longo de 2024, disputam o Prémio TAP Revelação.
O festival dedica retrospectivas a alguns dos nomes mais importantes do panorama internacional — Michael Haneke, de quem serão exibidos os filmes para televisão e cinema inéditos em sala; Jonás Trueba, um dos um dos mais destacados cineastas da nova geração do cinema espanhol, e que acompanhará, com a actriz Itsaso Arana, uma retrospectiva completa da sua obra; Patricia Mazuy, que também estará presente a acompanhar a estreia dos seus últimos dois filmes: Bowling Saturne e La Prisionnière de Bordeaux; Miguel Gomes, este ano galardoado em Cannes com o Prémio de Melhor Realizador, e que contará com a sua primeira retrospectiva completa em Portugal.
Haverá duas séries em destaque. Families Like Ours, de Thomas Vinterberg, será exibida em antestreia e na íntegra, numa exibição única em sala, com a presença do realizador. Por outro lado, o festival estreia mundialmente O Americano, de Ivo M. Ferreira, com a exibição dos primeiros quatro episódios e a presença do realizador e do elenco.
Em 2024, o LEFFEST apresenta três ciclos temáticos que abordam questões de grande relevância para o nosso tempo. O ciclo Imagens de Guerra – A Guerra das Imagens propõe uma reflexão crítica sobre a forma como a guerra é representada e consumida visualmente, com um ciclo de 20 filmes e debates que contam com a participação de figuras como Rithy Panh, Leila Shahid ou Nida Ibrahim. O ciclo será acompanhado pela exposição inédita “Guerra e Paz”, com fotografias de Marie-Laure de Decker e Noël Quidu.
O ciclo Palestina parte em busca da memória e da resistência artística palestiniana através do cinema, da poesia e das artes visuais. Para além da exibição de filmes, serão organizadas conversas com Elias Sanbar, Shlomo Sand, Simone Bitton e Elia Suleiman, entre outros.
O destaque vai ainda para o concerto Make Freedom Ring – Concerto pela Palestina, com angariação de fundos para a Médicos Sem Fronteiras. Terá lugar no dia 11 de Novembro, às 21h, no Teatro Tivoli BBVA. Este projecto internacional junta músicos de renome, como Rasha Nahas, António Victorino d'Almeida ou Anja Lechner, num concerto com curadoria do pianista Raúl da Costa.
O artista visual de Gaza, Khaled Jarada, também terá a sua primeira exposição em Portugal, apresentada no Teatro do Bairro. Jarada, através da animação e do desenho, retrata metaforicamente as experiências e emoções de quem vive em zonas de conflito.
Com Cinema Erótico – Desafiando os Limites, o festival revisita o conceito de erotismo no cinema, num ciclo de duas dezenas de filmes que exploram os desafios morais e os limites do corpo e do desejo. A curadoria é assinada por Denis Ruzaev e Ines Lopez Branco, e inclui um cine-concerto especial com a exibição da obra-prima Les Vampires de Louis Feuillade, em versão restaurada, acompanhada ao vivo pela Rodrigo Amado Unity.
Celebrando os 500 anos do nascimento de Camões, o LEFFEST organiza Camões em Carne Viva, um programa que combina poesia, música e cinema, com a estreia da cópia restaurada pela Cinemateca de Camões (1946), de Leitão de Barros, seguida de um debate.
O centenário da morte de Franz Kafka será assinalado com o programa especial A Impossibilidade de ser Kafka, onde serão apresentadas importantes adaptações cinematográficas das suas obras e será organizado um encontro com o aclamado encenador Krystian Lupa. No âmbito desta homenagem, será exibido o filme Kafka Vai ao Cinema de Hanns Zischler, que estará presente para uma conversa. No dia 12 de Novembro, às 18h, o Auditório do Liceu Camões acolherá o concerto
Kafka – (un)musical ! (?), concebido por Nuno Vieira de Almeida.
O programa musical desta edição do LEFFEST inclui outros momentos únicos, como o cine-concerto O Cavaleiro da Rosa no dia 10 de Novembro, às 17h, no Tivoli. A célebre ópera de Richard Strauss serve de base para o filme mudo de Robert Wiene, que será exibido em cópia restaurada, acompanhado ao vivo pela Orquestra Sinfónica Portuguesa, sob a direcção do Maestro Pedro Amaral.
No dia 15 de Novembro, às 21h, o Tivoli será palco de um concerto inédito de Bonga, em homenagem ao político, escritor e poeta angolano Mário Pinto de Andrade, que será acompanhado da leitura de poemas do homenageado. O concerto é uma celebração à figura de Andrade, retratada no filme Mário, de Billy Woodberry, que será exibido em antestreia no festival.
As artes visuais também terão grande destaque com uma exposição dedicada a Carlos Cobra no MUDE – Museu do Design de Lisboa. Cobra nasceu em Alcácer do Sal e reside em Paris, para onde foi nos anos 60 e venceu o mais importante prémio de escultura na Europa, o Prix Bourdelle. Esta exposição oferece uma oportunidade rara de entrarmos na sua obra extraordinária, praticamente desconhecida em Portugal.
Veja aqui as fotos da conferência de imprensa.