Michael Haneke - Os inéditos em sala

Michael Haneke nasceu em 1942, filho do realizador e actor alemão Fritz Haneke e da actriz austríaca Beatrix von Degenschild.

Estudou filosofia, psicologia e teatro em Viena e experimentou escrita e crítica cinematográfica e literária antes de começar a trabalhar como editor e dramaturgo de telejornais para a Südwestfunk (ARD), em Baden-Baden. Em 1974, realizou o seu primeiro filme, a que se seguiram obras baseadas nos textos de Ingeborg Bachmann, Peter Rosei, Franz Kafka e nos seus próprios argumentos.

No início dos anos 70, Haneke estreou-se como encenador de teatro no Stadttheater Baden-Baden com Dias inteiros nas árvores (1954), de Marguerite Duras. As suas produções teatrais seguintes tiveram lugar em Darmstadt, Düsseldorf, Frankfurt, Estugarda, Hamburgo, Munique e Viena, bem como duas célebres produções de ópera em Paris e Madrid nas décadas seguintes.

O Sétimo Continente
(1989), a primeira longa-metragem de Haneke, teve a sua estreia no Festival de Cannes de 1989. A história de uma família austríaca de classe média e da sua auto-erradicação foi o primeiro capítulo de uma trilogia que o tornou um nome internacional em meados da década de 1990. O seu filme seguinte, Brincadeiras Perigosas (1997), também apresentado em Cannes, foi o primeiro filme austríaco em competição em 35 anos.

Michael Haneke é conhecido pela sua visão precisa e não sentimental da sociedade contemporânea, pela forma como conduz os seus actores e pelas suas construções narrativas intransigentes e, em parte, angustiantes. Juntamente com a contínua expansão do seu espectro temático e estilístico, estas qualidades tornaram-no uma das personalidades mais importantes do cinema mundial.

A sua sétima longa-metragem, A Pianista (baseada no romance homónimo de Elfriede Jelinek), ganhou o Grande Prémio do Festival de Cannes, com os dois protagonistas, Isabelle Huppert e Benoît Magimel, a vencer os prémios de Melhor Actriz e Melhor Actor, enquanto Nada a Esconder (2005) lhe valeu o prémio de Melhor Realizador.

A longa-metragem histórica a preto e branco O Laço Branco (2009) e o drama Amor (2012), com Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva, foram galardoados com a Palma de Ouro e o Prémio do Cinema Europeu, tendo Amour vencido ainda um Globo de Ouro e um Óscar. Desde 2002, Haneke é professor de realização na Academia de Cinema de Viena. Foi-lhe atribuído um doutoramento honoris causa pela Universidade de Paris VIII (2012) e pela Universidade de Graz (2013).