(Portugal, 1949) Realizador e argumentista, com uma obra que começou ainda em finais dos anos 70 (a curta Alexandre e Rosa tem a data de 1978; antecederam-na alguns documentários em colaboração), João Botelho estreia-se nas longas-metragens com Conversa Acabada (1982), um filme sobre a correspondência entre os poetas Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, com estreia mundial no festival de Cannes (Quinzena dos Realizadores). A questão de Portugal, através dos seus dois maiores poetas modernistas, é trabalhada por Botelho de forma inventiva, digamos que tentando encontrar um equivalente no cinema daquilo que Pessoa fazia com a poesia, o que levou Mário Jorge Torres a descrever o filme como uma “arrojada experiência de pôr em imagens poemas e cartas entre Pessoa e Mário de Sá-Carneiro”.


Seguiram-se Um Adeus Português (1985), que é para muitos o grande filme português sobre a guerra colonial, e Tempos Difíceis – Este Tempo (1988), em que adapta a obra de Dickens (que com o romance “inventou” o cinema) para a realidade portuguesa. Realizou as comédias Tráfico (1998), A Mulher que Acreditava Ser Presidente dos EUA (2003), visitaria as obras de Garrett (Quem És Tu?, 2000), Diderot (O Fatalista, 2005), Agustina Bessa-Luís (A Corte do Norte, 2008), de novo Pessoa (Filme do Desassossego, 2010), Eça de Queirós (Os Maias, 2014), o filme português mais visto nos cinemas nesse ano nas salas de cinema, ultrapassando os 100 mil espectadores, e, mais recentemente, depois de “uma carta de amor” a Manoel de Oliveira (que surgira no primeiro filme de Botelho e sempre foi uma referência para o realizador), O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu (Festival de Locarno), Peregrinação, a partir do clássico da literatura portuguesa de Fernão Mendes Pinto, filme escolhido para candidato aos Óscares e aos Prémios Goya.


Numa filmografia que conta mais de três dezenas de títulos, entre a ficção e o documentário (entre eles, filmou a fadista Carminho, a Companhia Nacional de Bailado, os artistas João e Jorge Queiroz e Francisco e Pedro Tropa), os filmes de João Botelho percorreram inúmeros festivais internacionais de cinema e receberam vários prémios.


João Botelho estará presente nesta edição do LEFFEST, que lhe irá prestar homenagem com a mais completa retrospectiva da sua obra até à data, a primeira em Portugal.


Classificação etária do festival: M/18