O LEFFEST 2025 apresenta um conjunto de personalidades cuja obra se inscreve na história viva da cultura contemporânea. Actores, realizadores, músicos e criadores multifacetados cruzam-se em Lisboa e Amadora para partilhar com o público a força das suas trajectórias, num festival que celebra o cinema como arte total e lugar de encontro.
A homenagem central desta edição recai sobre Wagner Moura, actor, realizador, jornalista e músico nascido em Salvador da Bahia. Tornou-se um rosto incontornável do cinema brasileiro a partir de Carandiru (2003) e Tropa de Elite(2007), e projectou-se internacionalmente com Elysium (2013) e com a interpretação de Pablo Escobar na série Narcos (2015-2017), que lhe valeu nomeações aos Globos de Ouro. Estreou-se na realização com Marighella (2019) e, em 2025, venceu o Prémio de Melhor Actor em Cannes por O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho. O festival homenageia-o como símbolo da força do cinema brasileiro contemporâneo.
A música e a arte visual cruzam-se na presença de Kim Gordon, cofundadora dos Sonic Youth, artista plástica e actriz. O seu percurso cinematográfico inclui Last Days (2005), I’m Not There (2007) e The Chronology of Water, de Kristen Stewart, apresentado este ano fora de competição. Gordon integra o júri da Selecção Oficial em Competição.
Outro nome lendário é Laurie Anderson, artista multimédia, realizadora, compositora e inventora de instrumentos. Revelada ao grande público com o êxito O Superman, nos anos 80, construiu uma obra que funde música, vídeo, dança e palavra. No cinema, assinou Home of the Brave (1986) e aclamou-se como compositora para filmes de Wim Wenders e Jonathan Demme. É presença confirmada no festival, após já ter apresentado Coração de Cão (2015) no LEFFEST.
A actriz britânica Miranda Richardson recebe também homenagem. Nome maior do teatro e cinema do Reino Unido, distinguiu-se em obras como Jogo de Lágrimas (1992), Relações Proibidas (1992), Kansas City (1996), A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999), As Horas (2002) e na saga Harry Potter. Foi nomeada duas vezes para os Óscares e recebeu um BAFTA de Melhor Actriz Secundária.
A nova geração marca presença com Stacy Martin, actriz franco-britânica revelada por Lars von Trier em Ninfomaníaca (2013). Trabalhou com Brady Corbet em Vox Lux (2018) e O Brutalista (2024). Este ano junta-se ao júri da Selecção Oficial.
O festival presta uma grande retrospectiva a Hal Hartley, figura mítica do cinema independente norte-americano. Desde o final dos anos 80, Hartley construiu uma obra singular, fiel à independência criativa, em títulos como A Incrível Verdade (1989), Trust (1990), Surviving Desire (1992), Amateur (1994) e a trilogia Henry Fool, Fay Grim e Ned Rifle. Para além da retrospectiva, apresenta Where to Land em estreia europeia, em competição.
O cinema mexicano é representado pelo mestre Arturo Ripstein, homenageado nesta edição. Discípulo de Luis Buñuel, Ripstein realizou mais de 60 filmes e construiu uma obra centrada no melodrama, marcada por títulos como El imperio de la fortuna (1986), La reina de la noche (1994) ou La perdición de los hombres (2000). Estará presente acompanhado pela argumentista Paz Alicia Garciadiego, com quem colabora há décadas.
O encenador, dramaturgo e actor britânico Simon McBurney é outro dos homenageados. Fundador da companhia Complicité, revolucionou a cena teatral contemporânea com obras que desafiam as fronteiras entre teatro, música e imagem. Criou e dirigiu Mnemonic, The Master and Margarita, Beware of Pity e Drive Your Plow Over the Bones of the Dead, e tem desenvolvido um percurso marcante também na ópera e na dança.
Entre os realizadores em destaque está Olivier Assayas, figura central do cinema francês, autor de filmes como Agente Infiltrada (2002), Nuvens de Sils Maria (2014) ou Personal Shopper (2016). Apresenta no festival o seu mais recente trabalho, The Wizard of the Kremlin, exibido fora de competição.
Christian Petzold regressa ao LEFFEST, onde já foi homenageado em 2019. Nome maior da chamada Escola de Berlim, autor de filmes como Bárbara (2012), Phoenix (2014) ou Céu em Chamas (2023), apresenta Miroirs No. 3, estreado na Quinzena dos Cineastas, agora em competição.
A estes nomes somam-se outras presenças marcantes, como Isabel Ruth, a quem o festival dedica uma retrospectiva, ou Hiam Abbass, reforçando a vocação do LEFFEST como espaço de encontro entre criadores, culturas e histórias que atravessam gerações.