Talvez se possa afirmar que o cinema de Sérgio Tréfaut é provocador, numa linguagem que raramente é indiferente em termos políticos. Tréfaut assume opiniões, emite críticas, dá palco a vozes esquecidas e silenciadas. Presença frequente em festivais internacionais de cinema e realizador multi-premiado, Sérgio Tréfaut admite que faz filmes sobre coisas que lhe dizem respeito e que o emocionam. «Ao fazê-las cresço com elas e resolvo questões que me interessam», disse numa entrevista sobre o cinema português contemporâneo. O seu filme mais recente, A Noiva (2022), fez parte da Selecção Oficial do Festival de Veneza deste ano, na secção Orizzonti, e começou a ser pensado há cerca de uma década, a partir da sua experiência no Iraque, onde se encontrava para realizar um documentário sobre a suposta teoria de liberdade de imprensa e eleições livres alimentada pelos Estados Unidos, após o exército deixar aquele país. «Com o desenvolvimento do ISIS, este projecto acabou por cair, e o crescente número de europeus a entrar para o Daesh levou-me a mudar o foco e a fazer um filme sobre este tema», explica Tréfaut.


Lisboetas (2004), A Cidade dos Mortos (2009), Alentejo, Alentejo (2013), Treblinka (2016), e Paraíso (2021) são alguns dos títulos emblemáticos do realizador que nasceu em São Paulo, em 1965, mas que acabou a viver entre Paris e Lisboa, desde os 10 anos de idade, por causa da ditadura brasileira. Passados 40 anos, Tréfaut regressou ao Brasil e vive agora no Rio de Janeiro.