Leituras por Diogo Dória, Marta Chaves e Nina Guerra de poemas de Ossip Mandelstam, Anna Akhmatova, Marina Tsvetaeva, Vladimir Mayakovsky, Alexander Voloshin e Alexander Blok.


A Revolução de 1917 na Rússia faz 100 anos. Na sua pátria não haverá festejos, mas eventos para recordar e analisar os acontecimentos que foram uma reviravolta não só à escala nacional, mas também mundial, seguida de uma guerra civil sangrenta, fratricida, com um número astronómico de vítimas. Uma análise aprofundada, baseada nos factos rigorosamente documentados, é essencial. Inclusivamente na área da Cultura.


As duas décadas que antecederam os grandes acontecimentos político-sociais de Outubro são conhecidas pelo “século de prata” da cultura russa. Uma poderosa onda de criação artística que juntou poetas, pintores, actores, músicos e filósofos, novos estilos, escolas e correntes artísticas, actividade editorial nunca vista, debates e interesse do público que hoje em dia é difícil imaginar. Uma grande lista de génios. O que lhes aconteceu nos anos da revolução? Quem eram, no meio dessa tempestade? Participantes? Oponentes? Testemunhas silenciosas? Alguns emigraram, outros ficaram — porquê? A revolução estancou a corrente de criatividade e inovação na literatura e nas artes da época ou foi um estímulo para essa vaga de criação?


O tema é infinito, tem dado para centenas de teses de doutoramento, de estudos, de ensaios. Propomos para um debate exequível a redução do tema, falando apenas dos destinos dos poetas — e mesmo assim temos consciência da impossibilidade de abranger tudo. Bem, vamos falar, trocar opiniões, talvez discutir. Para tentarmos compreender que esta história é tudo menos linear, para começarmos, pelo menos, a duvidar de alguns estereótipos. Portanto, o tema será: “A revolução de 1917 e o destino dos poetas russos”.


Nina Guerra e Filipe Guerra
(curadores desta secção)


Na ocasião, será lançado numa edição bilingue o livro Os Doze, o poema longo de Alexander Blok com tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra, escrito em 1918, quando o poeta estava no auge do entusiasmo revolucionário e tentava definir poeticamente aquilo que estava a acontecer. Os Doze é um dos grandes poemas da literatura russa, e o seu autor, Alexander Blok, inédito em Portugal, é um dos maiores poetas da primeira metade do século XX russo.