Jean-Marie Straub nasceu em Metz em 1933. Envolvido na comunidade cinéfila parisiense da época, foi amigo de François Truffaut, trabalhou como assistente de Jacques Rivette, Jean Renoir, Robert Bresson e outros, e contribuiu para a publicação dos Cahiers du Cinéma. O seu trabalho, desenvolvido com a sua companheira Danièle Huillet, questiona as possíveis articulações entre o cinema e outras práticas artísticas, tais como a literatura, a pintura e a música, num processo de releitura, reinvenção e actualização do meio cinematográficos e dos significados por ele gerados. Profundamente influenciados por Brecht, Cesare Pavese, Heinrich Böll, Friedrich Hölderlin ou Franz Kafka, os seus filmes são frequentemente adaptações de obras teatrais ou literárias, que se distinguem pela estética minimalista, reduzindo os meios de encenação à sua estrita necessidade, para dedicarem a sua atenção sobretudo à imagem, ao texto e ao som enquanto matérias-primas por excelência do seu cinema. À estética minimalista associaram um profundo sentido ético ancorado na ideologia marxista, criando um cinema que é, segundo Jacques Rancière, uma “potência lírica direta do comunismo”, isto é, um cinema que situa entre “a intensidade da palavra e a intensidade da experiência comunista”.