Nascido em Istambul em 1959, Nuri Bilge Ceylan percorreu um caminho artístico incomum. Estudante de engenharia química e eléctrica durante um período de grande agitação política no país, Ceylan descobriu a paixão pela fotografia durante os seus anos de universidade, onde também iniciou a sua aproximação ao cinema através da participação em cursos opcionais e sessões organizadas por grupos de estudantes. Após uma passagem por Londres e por Kathmandu, e ainda incerto sobre o seu futuro, decidiu alistar-se no exército, onde inusitadamente descobriu a sua vocação para o cinema. Em 1995, a sua primeira curta-metragem Cocoon (1993), produzida a partir de negativos que trouxera de uma viagem à Russia e de película expirada cedida pela televisão nacional turca, foi seleccionada para a competição de curtas-metragens em Cannes. Seguem-se as três longas-metragens que compõem a "Trilogia da Província": The Small Town (1997), Clouds of May (1999) e Uzak – Longínquo (2002), que conquistou o Grande Prémio do Júri no Festival de Cannes em 2003. Aclamada internacionalmente, a trilogia é célebre pelas suas produções de baixo orçamento, com elencos de actores amadores, e Ceylan assegurando o argumento, o som, a edição e várias outras funções além da realização. Em 2006, Climas recebeu o Prémio FIPRESCI em Cannes e, em 2008, Três Macacos conquistou o Prémio de Melhor Realizador no mesmo festival. Em 2011, o seu filme Era Uma Vez na Anatólia voltou a conquistar o Grande Prémio do Júri em Cannes e, em 2014, a sua obra-prima Sono de Inverno foi galardoada com a Palma de Ouro. Um dos mais importantes realizadores turcos da actualidade, Ceylan é célebre pelos seus planos-sequência, frequentemente filmados em cenários naturais, e pela sua característica incorporação de jogos de sons e silêncios que lhe permitem trabalhar temas como a alienação do indivíduo, a monotonia do quotidiano, a solidão e a comunicação humana.


© Foto por Paul Grandsard